Banksy: Arte de Guerrilha

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Franco Berardi (Bifo)

Durante 20 anos, o conformismo liberalista pareceu inatacável. Como uma verdadeira forma de terrorismo cultural, não admitia alternativas éticas nem políticas. Quem não aceitava a superioridade da lei do lucro era considerado um destroço do passado. Veio a revolta de Seattle, sinal do esfacelamento daquele conformismo...Subitamente foi posta em discussão a ditadura da economia em cada dimensão discursiva imaginária existencial.

Afinal, como amadureceu essa ruptura, que dinâmica social a tornou possível?

Seattle e a crise da ideologia da new economy

Para entender a origem do movimento global surgido em Seattle, é preciso interpretar a composição social do novo trabalho na rede, a formação e a crise do trabalho cognitivo global (1). Só quando entra em crise o processo produtivo e a ideologia da new economy, o trabalho cognitivo na rede se transforma em movimento global de auto-organização e de revolta.

Essa nova dinâmica manifestou-se há apenas dois anos. A rapidez de sua expansão política foi fulminante, mas a sua capacidade de auto-reflexão não avançou com o mesmo ritmo e ainda não dispomos de um quadro conceitual capaz de revelar a sua arquitetura social e as perspectivas estratégicas.

A emergência desse movimento não pode ser interpretada com os critérios da dialética e do socialismo novecentista, ele não poderá exprimir-se através das formas políticas da revolução, nem nas do reformismo. Talvez possamos buscar um conceito útil na tradição teórica do pensamento operário italiano (que interpreta os processos políticos com base no futuro da composição política do trabalho)(2), na tradição da esquizoanálise francesa (que interpreta os processos sociais como manifestações da imaginação desejosa)(3), e na prática da netculture e do Open Source.

Depois de Seattle, assistimos a dois fenômenos simultâneos. A semioeconomia (economia semiótica...), denominada new economy, entrou numa crise que não tem um caráter puramente financeiro, mas estrutural. A crise da semioeconomia nasce da contradição entre massa da produção semiótica, ilimitada dentro das condições da tecnologia digital e conectiva, e mercado mental, ou seja, tempo de atenção socialmente disponível. Isto tem caráter limitado, porque se trata do tempo de que dispõe o cérebro organicamente limitado de um massa social limitada de consumidores mentais. Aquilo que Marx chamou de crise de superprodução hoje se manifesta como descompasso entre ciberespaço e cibertempo, entre produção semiótica ilimitada e mercado-atenção em rápido esgotamento. A crise da new economy se enraíza nessa contradição, e não há solução dentro dos limites postos pela forma social liberalista.

Quando a crise da semioeconomia se anunciou no imaginário juvenil, sobretudo no proletariado high tech (a classe virtual dos trabalhadores cognitivos em rede), produziu-se uma rejeição da redução da existência a business: recusa que não é tanto política quanto existencial...

Na década de 1990, a new economy funcionou como promessa de felicidade, de sucesso, de enriquecimento rápido. Um filão da cibercultura (representado pela revista Wired) construiu em cima dessa promessa uma cínica utopia de grande fascínio. A inteligência, a criatividade e a comunicação foram submetidas à regra econômica do lucro máximo. Contudo, a certa altura a promessa de felicidade fendeu-se. A implosão da Nasdaq (4) soou a sirene do alarme: a ilusão de felicidade dissolveu-se. Aqueles que se haviam proclamado empreendedores de si próprios descobrem que são escravos de automatismos técnicos, financeiros, conectivos que absorvem o seu tempo integral, a sua vida inteira, toda a sua atividade consciente. De repente, os trabalhadores cognitivos descobrem que os seus salários só dão para administrar o ritmo, descobrem a miséria existencial e sexual da vida de net-slaves, descobrem as conseqüências do estresse da competição. Nessa crise cultural, é liberada enorme quantidade de tempo inteligente. À medida que a ilusão se dissolve, um número crescente de proletários cognitivos começa a investir as suas competências em um processo de solidariedade e de coletividade criativa. Disto nasce o movimento global, nesse plano o movimento global encontra a sua estratégia: é nessas condições que se prepara a explosão de Gênova.

Horror em Gênova

Gênova é a conclusão do ciclo de concretização do movimento global.

Fora da zona vermelha em que está fechado o G-8, manifestam-se centenas de milhares de pessoas. Não são militantes da esquerda novecentista, mas operadores de vídeo, intelectuais, trabalhadores sociais e um enorme número de agentes do voluntariado leigo e religioso. A polícia emerge em toda parte, espanca pessoas ajoelhadas, prende, fere, mate, no final agride os jornalistas do Indymedia surpreendidos durante o sono em uma escola. Os cidadãos civis estão horrorizados com o que está acontecendo na Itália, onde a máfia assume o governo. Esse país possui vocação para o conformismo autoritário, conforme se viu várias vezes no século passado. A identidade nacional italiana está enfraquecida em relação à riqueza das diversidades culturais, porém, de um lado, isto produz o familismo imoral da m´fia, substituição tribal e criminal da autoridade de Estado. De outro lado, produz a agressiva afirmação do estatismo que se organiza no fascismo. Hoje, pela primeira vez, máfia e fascismo (Berlusconi e Fini) são aliados, juntamente com o populismo racista da Liga e do integralismo católico. Essa reunião de inculturas produz produzirá monstruosidades inconcebíveis. Mas o problema não é só italiano. O capital global entrou numa crise da qual ninguém sabe imaginar a solução. A febre italiana é só um sinal desse enlouquecimento.

A perspectiva do movimento global

O movimento precisa inventar perspectivas completamente inovadoras com respeito às experiências dos movimentos revolucionários do século XX que não possuem mais nenhuma vitalidade. Por ora, a consciência teórica e estratégica não está à altura das potencialidades produtivas do movimento e da riqueza de sua composição social.

A mesma definição no global (comum a grupos como Attac e ao localismo ecologista ou ao voluntariado religioso, largamente empregada na linguagem jornalística) possui caráter impreciso e substancialmente reacionário. Esse movimento é global por vocação, por composição e por cultura. A anti-globalização reivindica a soberania política nacional e contra a globalização das corporations. Mas, escolhendo uma perspectiva de restauração da soberania nacional, o movimento está fadado a uma derrota certa; ele é reduzido à nostalgia por um passado em que o Estado nacional era uma máquina política eficaz, e as fronteiras nacionais possibilitavam uma territorialização da democracia. Agora, porém, o estado nacional é submetido a uma pressão desterritorializadora que não pode ser governada com as metodologias da política estatal moderna. A nova dimensão da democracia não cabe dentro dos limites da soberania nacional, mas deve ser procurada em um plano mais elevado, mais complexo, no nível da rede global.

Da composição social do trabalho cognitivo na rede nasce a perspectiva de auto-organização da inteligência coletiva, de autonomia do saber da regra do lucro e da propriedade privada. A regra do lucro limita as potencialidades produtivas da inteligência coletiva e, na prática do Open Source (5), está implícita uma alternativa para as a normas do lucro. Essa alternativa deve tornar-se estratégia consciente do movimento global.

Depois de Gênova, o movimento precisa sair da espiral repetitiva das manifestações de reação antiglobalista. A auto-organização do trabalho cognitivo deve ser o seu programa: os cientistas, os pesquisadores, os operadores da comunicação, os próprios funcionários da electronic governance são os agentes sociais e produtivos dessa perspectiva de auto-organização da inteligência coletiva. São eles que podem derrubar certeiramente o funcionamento das interfaces tecnossociais, são eles que podem dar forma a uma arquitetura tecnológica socialmente orientada. Eles podem esvaziar o poder do semiocapital (capital semiótico), sabotar os planos das corporations que dominam a semiosfera. Podem socializar o conhecimento sabotando as patentes, tornando públicos os resultados da pesquisa. Os trabalhadores cognitivos já começaram mover-se nessa direção. Milhares de pesquisadores de várias nacionalidades apresentaram a sugestão de publicação na internet dos resultados de cada pesquisa científica. Difundem-se as experiências de Open Source na informatização. No sistema da mídia, emergem situações como o Indymedia, rede de informações independentes do sistema econômico, capazes de inventar concatenações sociais. De Seattle a Gênova o movimento agiu como força de transformação do imaginário planetário, da consciência ética e do campo político. Agora essa missão foi cumprida. Os poderosos da Terra estão em fuga, refugiam-se nas montanhas do Canadá ou nos desertos do Qatar. Agora o movimento deve tornar-se força política que possibilite a autonomia da inteligência coletiva da regra do semiocapital.

Notas

1. Trabalho cognitivo, ou imaterial, é o termo que se dá à nova configuração do trabalho na atual fase do capitalismo. Teorizado pelos pós-fordistas italianos, o trabalho imaterial é o trabalho da linguagem, criação mental e afetiva, seja pelo uso dos computadores, ou da própria criatividade humana. Segundo estes teóricos, sua importância tem crescido enormemente no atual ciclo produtivo, a ponto de se tornar ele mesmo a base da produção, em todos os setores. É sobre o trabalho cognitivo e sua reconfiguração do capitalismo que se encontra boa parte dos fundamentos que Antonio Negri expõe em Império. Para saber mais, vide: Negri, Antonio; Lazzarato, Maurizio. Trabalho imaterial: formas de vida e produção de subjetividade, Rio de Janeiro, DP&A, 2001. (Nota do Rizoma)

2. Corrente do pensamento neo-marxista dos anos de 1960 que tem, entre seus maiores teóricos, Mario Tronti e o próprio Antonio Negri. (Nota do Tradutor)

3. Bifo faz referência a Félix Guattari e Gilles Deleuze. (N. do T.)

4. A bolsa americana dos valores das empresas de alta tecnologia. (N. do T.)

5. O movimento do Open Source, do copyleft e/ou do freenet coloca no cerne de sua estratégia a socialização dos meios de tratamento da informação e, pois, articula num mesmo plano a organização das lutas e da produção. Para uma apresentação sucinta, vide: Stallman, Richard. Biopirataria ou bioprivatização? Lugar Comum. Rio de Janeiro: Nepcom/UFRJ, n. 9/10, set. 1999. Vide também: Moineau, Laurent; Papathéodorou, Aris. Cooperação e produção imaterial em softwares livres. Elementos para uma leitura política do fenômeno GNU/Linux. Lugar Comum. Rio de Janeiro: Nepcom/UFRJ, n. 11, maio/ago. 2000. (N. do T.)

Tradução de Silva Debetto C. Reis

Franco Berardi, ou Bifo, é escritor, ativista, lendário participante da pirata Rádio Alice nos anos 70, que atualmente vive e trabalha em Bolonha.

Fonte: Cocco, Giuseppe; Hopstein, Graciela. As multidões e o Império: entre globalização da guerra e universalização dos direitos. Rio de Janeiro, DP&A, 2002, pp. 107-112